Artesão de São Chico exporta arte da cutelaria 

Com ajuda da internet, jovem vende facas e espadas para o Brasil e países da América Latina

      A arte da cutelaria mora no primeiro andar de uma pousada feita de pedra bruta e janelas vermelhas de São Francisco de Paula. O aspecto do lugar, em um vale da cidade, tem ar medieval e encantado. É lá que Pedro Gimer, 21 anos, forja facas, machados e espadas personalizadas que são vendidas pela Internet com garantia vitalícia.

      A pouca idade do artesão surpreende diante do histórico de quase 500 peças produzidas. Em dois anos de trabalho, teve o talento reconhecido por profissionais da área e a indicação para a Associação Gaúcha de Cuteleiros.

      Os produtos feitos por Pedro são considerados artigos de luxo e vendidos para clientes do Brasil e países como Chile, Argentina e Colômbia. As peças são valorizadas pelo cuidado com que o jovem forjador trabalha com cabos de madeira, resina e metal.

      Lâminas especiais são feitas a partir de peças inusitadas, como discos de arado, feixe de mola de furgão ou discos de serra. O reuso dessas matérias que seriam descartadas agrega valor às peças. Um punhal feito com uma lima antiga de cascear cavalo, por exemplo, chega a custar R$ 700. E a garantia de qualidade dos produtos Gimer é assegurada pela eternidade.

“É um trabalho manual, lento e diário. Parte de mim fica em cada peça que produzo. Elas deixam de ser apenas instrumentos de uso diário e se tornam itens colecionáveis e únicos”, diz o artesão.

      A lida com facas e espadas não se transformou em principal atividade. Pedro concilia o tempo de produção com a rotina de auxiliar administrativo no horário comercial. Filho de pai marceneiro, e mãe técnica de enfermagem, o artesão descobriu o interesse pela profissão de forjador aos 18 anos, quando serviu na Cavalaria Militar em Porto Alegre. Autodidata, começou a produzir facas e facões, recriando as armas do gaúcho tradicionalista.

      Em São Francisco de Paula, Pedro que nasceu em Porto Alegre, toca a empresa praticamente sozinho. É onde conseguiu unir a paixão pela cutelaria ao amor pela cultura medieval.

      Na Gimer, há desconto para escoteiros. Vantagem para ex-colegas. E para o futuro, não faltam planos. Pedro já conta com um aprendiz, o estudante de história Breno Medeiros Dias, 21 anos, e está expandindo. A ideia dos meninos forjadores é começar a produzir armaduras medievais e o aço damasco, conhecido pelas características místicas e usado desde o século VI pelo povo Celta. Também planejam ministrar pequenos cursos individuais que duram um final de semana.

      A arte de fazer facas não é a única que Pedro domina. Também aprendeu a tocar piano sozinho, com aulas na internet. Após a dupla jornada de trabalho, há dias em que o também aspirante a músico atravessa a rua até a casa dos Rigon para tocar o piano de Valdecir e Rejane, artistas plásticos e donos da pousada que abriga a Cutelaria Gimer.

“Como pode um menino tão novo ser tão genial. Imagina quando ele tiver a nossa idade?”, sussurra Rejane ao ouvir Pedro tocar clássicos ao piano.

Onde encontrar peças da Gimer: loja Essência da Serra Container em São Francisco de Paula e na página do facebook.

Artesão de São Chico exporta arte da cutelaria 
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